Guerra às drogas: Documentário Cartel Land
Foto: Divulgação
Durante os 100 minutos de produção, o diretor Mattew Heineman mergulha nos diversos aspectos da realidade vivida por indivíduos inseridos na guerra às drogas de alguma forma: Das guerrilhas formadas para combater os cartéis mexicanos, aos militares estadunidenses exercendo sua política de repressão aos traficantes.
No lado estadunidense, o documentário nos leva a acompanhar a rotina e um pouco da história de vida de um paramilitar que trabalha na defesa de uma parte da fronteira dos Estados Unidos, no Arizona. Sua função é combater os traficantes de drogas e de pessoas vindos do México, que tentam entrar ilegalmente no país. O mesmo país que possui a maior população carcerária do mundo, pioneiro nas políticas de repressão aos narcóticos.
Na parte mexicana da narrativa, somos guiados por entre um grupo de moradores do estado de Michoacán, que cansados de viver sob as ameaças e sanções impostas pelas milícias dos cartéis, sobretudo o cartel "Caballeros Templaros" (Cavaleiros Templários), criam as chamadas "autodefensas". Grupo armado de combate aos traficantes, e crítico do governo, sob acusação de que o mesmo prefere não combater os cartéis.
Um elemento não esquecido pelo diretor é o trabalho dos produtores de metanfetamina, pouco abordado no início do documentário, mas que se desdobra até no fim fazer todo sentido ao telespectador.
Fotos: Google
De forma sutil, sem precisar de personagens que digam diretamente, a produção consegue estabelecer uma crítica a todo sistema formado pelas políticas de repressão às drogas: o surgimento dos cartéis de produção e tráfico, seguida de sua influência agressiva sob o restante da população, e a revolta dessa mesma população, que cercada de violência e sem ter a quem recorrer, opta por formar guerrilhas armadas: violência que gera mais violência. Há ainda o Estado, que aparece como repressor dos autodefensas, mas sem apresentar medidas opcionais para extinguir as ações dos cartéis.
Por fim, ficamos submersos em uma teia de corrupção por parte do governo e dos mesmo autodefensas, os cidadãos comuns que deixaram suas rotinas para formar milícias de proteção e acabam se tornando uma força militar oficial do Estado; e juntamente com o próprio Estado tornam-se produtores e traficantes de substâncias ilícitas. Tudo que sempre combateram.